quinta-feira, 7 de maio de 2020

Mobilidade Urbana: provando do próprio veneno

Mobilidade Urbana: provando do próprio veneno
Prof. Dr. Marcelo Augusto de Felippes

Muito já ouvimos que a diferença do veneno e o remédio é a dose. Uma dose excessiva pode deixar de ser uma solução para se tornar um problema e exatamente por esse motivo a empresa Uber vem passando por momentos de reformulação de sua estratégia. No início, a dose era compatível e agradou a uma parcela dos usuários de meios de transportes urbanos. Hoje, isso já não é mais uma realidade.
O pior veneno é aquele que agrada, pois entorpece e não se questiona os fundamentos. Os aplicativos são remédios e venenos. Eles são remédios de hoje que podem se tornar os venenos do amanhã. A mudança do comportamento social no planeta vem sendo a maior prova disso.
A Taxi-Rio, aplicativo da Prefeitura do Rio de Janeiro, vem se mostrando muito eficiente e funcionando dentro da lei, além de estar recuperando uma parcela de usuários que haviam se deslocado ao Uber e aplicativos semelhantes.
Mas o modelo Uber colaborou fortemente no surgimento de novas soluções, para a Mobilidade Urbana como é o caso do patinete elétrico por aplicativo que, em pouco mais de 3 meses, tornou-se uma febre em algumas cidades dos EUA, particularmente em Los Angeles.
O cliente instala o aplicativo, insere o cartão de crédito, como faz a Uber e aplicativos semelhantes, e pelo cartão libera o aluguel de um patinete, igual às bicicletas disponíveis em muitas cidades.
O aluguel inicial sai por um dólar, mais 15 centavos por minuto de viagem.
A estratégia tem o foco na última milha, que leva muitas pessoas a usarem carros próprios e meios de transportes por aplicativos. Casos simples como se deslocar de uma estação de ônibus ou metrô até a sua casa ou trabalho. 
O aplicativo do patinete pode ser muito apropriado para cidades congestionadas, pois sua velocidade chega a 25 km/h.
Claro que outros problemas surgirão com essa solução, como onde deixar os patinetes após o uso. Contudo, essa solução pode motivar iniciativas individuais e privadas, considerando que há no mercado patinetes elétricos articulados com valores muito acessíveis. 
A demanda de primeira e última milha está mudando a cadeia de valor, incluindo a entrega e recepção de cargas e encomendas. As pendências individuais estão criando diferentes identidades de entrega, tornando-as mais dinâmica, substituindo os endereços estáticos.
A última milha é o segredo da Mobilidade Urbana de muitas cidades. O modelo Uber está sendo ampliado, replicado e pode ser um remédio, desde que se mantenha a dose certa.

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