quinta-feira, 7 de maio de 2020

O DNA DA PLATAFORMA DE COMPARTILHAMENTO NO TRANSPORTE

O DNA DA PLATAFORMA DE COMPARTILHAMENTO NO TRANSPORTE

Prof. Dr. Marcelo Augusto de Felippes

Assim como a colonização dos povos, o transporte também tem seu DNA. Nas Américas, por exemplo, enquanto colônia das civilizações portuguesa e espanhola, a mobilidade das pessoas limitava-se a 10 Km de distância. Já na década de 50, com a evolução dos transportes, as pessoas passaram a se deslocar até um raio de, aproximadamente, 100 Km. Nas últimas décadas, com a evolução dos transportes, os meios de locomoção levaram a humanidade ao mundo globalizado, originando uma transformação substancial das sociedades.

Contudo, o “ir e vir” só não evoluiu mais efetivamente em prol das pessoas, porque ainda há muitas complexidades e desafios na passagem pelas fronteiras entre países.

Com a chegada das redes de telecomunicação 5G, será inevitável a mudança. Até o final de 2018, a China pretende inaugurar sua rede 5G com um maior número de conexões, maior velocidade e menor latência, na ordem de 20 ou 30 gigabits por segundo. Traduzindo: robôs conectados à rede 5G poderão carregar e descarregar contêineres de forma totalmente automática e autônoma; todos os eletrodomésticos de uma casa poderão ter um tipo de interatividade com a Internet e se comunicar entre si e com seus donos; planos de operadoras de telefonia passarão a ser ilimitados! Isso quer dizer que trilhões de dispositivos estarão permanentemente conectados à rede, dentre drones, carros autônomos, lâmpadas, sua cafeteira e qualquer outra coisa que imaginar. Mais de um milhão de aparelhos, a cada km2 de área, poderão funcionar com a velocidade da luz e, porque não, os próprios dispositivos de controle de alfândegas e fronteiras.

Na América Latina, o 4G ainda é lenda para muita gente. Mas o 5G tende a nos distanciar ainda mais da evolução tecnológica que dará suporte direto aos transportes das novas gerações, caso não haja projetos nacionais que já considerem o 5G como algo irreversível e, de certa forma, assustador para nossa atual realidade.

A Rota da Seda 2, como o Ocidente vem denominando, é uma estratégia da China que quer criar um sistema próprio de rede de telecomunicações e transportes, não se importando em participar paralelamente ao já existente. É uma esfera audaciosa de influência geopolítica na África, Ásia e, em um segundo momento, na América Latina. Estão sendo alocados mais de 110 bilhões em dólares americanos, de capital público e privado chinês, nesse ambicioso e inovador projeto, incluindo melhorias de infraestrutura, transporte e comunicação na aproximação comercial oriental. A Rota da Seda original foi apenas uma inspiração simbólica do governo chinês, que prevê em seu projeto atual a introdução da utilização de redes 5G na passagem das fronteiras.

Os Estados Unidos iniciaram a implantação de uma rede estatal de 5G; o Brasil está avaliando como acompanhar essa revolução e implantá-la até 2020. Mas, permanece sem resposta uma questão crucial: como chegar ao 5G, se ainda se tenta, com muita dificuldade, implantar efetivamente o 4G em grande parte da América Latina?

A internet é recente no ramo de gerenciamento de transportes. Enquanto, há poucos anos, apenas auxiliava na comunicação entre computadores e seres humanos, agora funciona também como "humanização" de objetos, que passaram a entender nosso comportamento, se comunicar entre si por intermédio da rede e, assim, modificar e, até mesmo, definir nosso futuro. Os objetos estão começando a automatizar as tarefas e algumas tomadas de decisão. A esse fenômeno damos o nome de "Internet das Coisas (IoT). Embora o transporte seja a atividade que mais dependerá da IoT, não há atualmente estudos e projetos de universidades, instituições públicas, privadas ou de associações em geral, se dedicando a esse grande momento de intensa e profunda modificação. Pelo contrário, as revistas institucionais que versam sobre transporte, infelizmente, ainda abordam problemas primários e, às vezes, obsoletos, longe do verdadeiro futuro que começa a nos confrontar. Muita oratória e pouca execução. Muita discussão e pouca realização. Em consequência, um atraso abissal no setor, considerado vital para a economia do nosso continente.

O entendimento efetivo sobre o atual conceito de "compartilhamento" e "diversidade", exigirá nova modelagem e concepção em plataformas de compartilhamento com base no 5G, as quais serão implementadas com diferentes formatos. Irreversivelmente, esse novo contexto aproximará ainda mais o mundo real do virtual, em velocidade e qualidade ainda inimagináveis para nós consumidores, modificando forçosamente a passagem de pessoas e cargas nas fronteiras do mundo. Não tem volta. 

O compartilhamento de Streamings, Internet, TV a Cabo, energia elétrica e outros acessos diversos ocorrerão mediante um só dispositivo: uma simples tomada. A diversidade é inevitável e vai crescer, ainda mais, a cada dia após o 5G, que modificará, definitivamente, o DNA do transporte mundial. E este será um dos maiores protagonistas dessa gigante transformação que já bate a nossa porta. 

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