SERVITIZAÇÃO
Prof Dr Marcelo Augusto de Felippes
A logística, como ciência, é repleta de paradigmas. A começar por sua conceituação, que não conseguimos obter uma unanimidade nas diferentes escolas ou estudiosos do assunto. Mas quem trabalha com a prática logística sabe muito bem que a chegada da Internet das Coisas e toda virtualidade proporcionada por um simples celular, vem transformando o ambiente logístico de maneira acelerada. O que é um Uber, Cabify ou AirBnb? Simplesmente softwares.
O consumo mundial vai aos poucos passando da propriedade do produto para a conveniência de um serviço. O que podem fazer as empresas e indústrias que apenas fabricam produtos? Uma das respostas pode ser: SERVITIZAR.
A logística é um dos grandes diferenciais da cadeia de valor, seja no comércio, na indústria ou nos serviços. A virtualidade trouxe uma impaciência quase genética das gerações que vêm surgindo no mercado de trabalho e na clientela de um negócio, e o modelo tradicional de logística já não atende, ou faz parcialmente.
O futuro do consumo exigirá sustentabilidade. As novas gerações que nos sucedem iniciam um processo de desvalorização da posse de um produto em detrimento do uso do mesmo para atender uma determinada necessidade.
O que torna determinante para a logística é que atendida essa necessidade, o produto perde o valor para aquele que o adquiriu, ou seja, fez o uso.
O caso emblemático das bicicletas para locação em muitas cidades do mundo serve para ilustrar um pouco a mudança pela qual o consumo vem influenciando decisões.
Assim, o serviço oferecido pelo produto é mais significativo e relevante do que o produto em si.
Outra tendência interessante dessas gerações, é que não se preocupam muito em se manter por longo tempo em um emprego ou se fidelizar como cliente. A competição vem sendo cada vez mais acirrada e a inovação e criatividade do que se oferece ainda é determinante.
Portanto, SERVITIZAR é oferecer esse valor perceptível ao cliente e consumidor, que deve sentir, perceber e aceitar a mudança. Com isso, produtores e prestadores de serviços devem oferecer valor percebido e sentido pelo cliente.
Na verdade, a Servitização é um termo acadêmico e não técnico. Contudo, aos poucos se tornará mais uma técnica de logística e softwares estarão otimizando a utilização da Servitização como uma real ferramenta logística de negócio.
A Servitização pode ser a transformação de um produto para um serviço, contudo não com fórmulas diretas, mas sim de maneira muito customizada, pois muitos fatores influenciam, tais como, região, cultura, idade do consumidor, preço, etc, visando à valorização dos serviços na oferta de valor, tradicionalmente centrada no mero produto.
As empresas de software perceberam isso e estão mudando seus modelos, saindo da venda e instalação de seus produtos, para venderem apenas licenças.
O mercado e a logística são parcelas dessa equação e se auto interagem, como coração e pulmão.
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